Gordo no ônibus. Esperança no
olhar. Sentimentos chulos de desilusão. Perda e recuperação em instantes de
sentimentos controversos. Afirmação, negação. Fim de tudo, e em uma brecha, uma
válvula de escape. Um novo começo, o sonho, uma cascata irrevogavelmente
condutiva a caminhos iguais. Novo fim. Encontro casual. Sentimento de
entusiasmo, reconquista, prazer. O não dito oculto, o oculto. O não achado, e não
por ter perdido. Vagante em um mundo paralelo, tão paralelo que chega a ser um
espelho. Eu deveria interrogar. Mas a vontade é só de afirmar, quando se afirma
não se tem dúvidas. Eu quero afirmar! É sim! Teimar. É, é e é! Suspirar de
peito alto de tanta certeza. É bom saber as coisas por inteiro. Que não seja
todo dia, é bom ter certeza. A única forma de recuperação é cuspindo o que se
tem dentro, desordenadamente, vomitar a fé, as vísceras, vomitar tanto e ficar
do avesso. Só assim dá. Se vós subistes
os degraus de uma escada sem parar, um dia ela acaba. Eis minha certeza.
Escadas são, por natureza, finitas. É bom chegar ao fim e ter certeza que
acabou. Sonho um dia acabar, sem motivos maiores. Essa é minha graça: um desejo
aporético. Um dia ele será cumprido, e jamais o será, pois eu já não estarei lá
para ver. E ver potencializa as
certezas. E ver é poder afirmar.
Da boca pra dentro, num gole, eu
os degluti. Ora insosso, ora saboroso, doce e amargo, era como sentir, captar
tudo que existe. Era existir humanamente aporético, macabéico. Era eu duvidoso
de minhas dúvidas e certezas. Difícil entender quando tudo se mexe desordenado
e furiosamente. Aquela noite era tudo, mistura de sabores, nenhum deles, o que
dizer? Pra quer dizer? Eu me pergunto calado. As palavras saiam pequeninas,
verdes de medo. Mas eu as expulsava de dentro, tirano, e chorava sobre sua
efêmera existência. Era o fim: para elas e para mim. Nessa última eu também
terei terminado. Ao som do alarme: a surpresa ou o cotidiano inchado?! Apenas
ausências, o que será agora? A mensagem obrigatória, rotineira e necessária.
Necessárias àquelas que habitam fora de mim. O que me impressiona é a falta de
tantos valores e alguns pecados. Sem eles somos mensagens vazias, sem
significado algum, somos rotina e ausência, somos pouco: somos aquilo que
somos. Calo-me, às vezes é a única saída.
Todos choram, gritam. Não suporto mais essa lamúria. Que chegue o fim a todos. Seria a última e
única saída: sair de vez, para sempre. Que se vá todos os nossos sonhos, que se
vá eu e o material tão apodrecível que pensa, que se vá as palavras e suas
regras. Por que eu estou de saco cheio!
A bailarina de penas rosadas
continua cansada, e repousa sobre a cadeira.
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